Resumo:
Este artigo é baseado no texto de Oswaldo Giacoia Júnior publicado na Revista Cult que analisa as possibilidades de diálogo entre Nietzsche e o Cristianismo, com base na frase do livro “O anticristo”, em que Nietzsche afirma que o Cristianismo é um mal entendido e que o Evangelho morreu na cruz.
Nietzsche estabelece uma distinção entre o Christenthum (Cristianismo) e a Christlichkeit (Cristianicidade), argumentando que o Cristianismo histórico desvirtuou a mensagem original de Jesus. Ele busca resgatar a Cristianicidade, que é uma forma de ser e agir, em contraposição à religiosidade dogmática do Cristianismo institucionalizado.
Nietzsche propõe uma hermenêutica refinada para reconstruir o tipo psicológico de Jesus, liberando-o dos acréscimos e interpretações falsificadas. Ele enfatiza a importância da prática do amor, da comunhão universal e da não-resistência ao mal como essência do ensinamento autêntico de Jesus.
O artigo explora a visão de Nietzsche sobre a religião do amor e a rejeição da rigidez moralista, destacando a importância da intuição e da literatura na compreensão do tipo psicológico do Redentor.
Conclui-se que Nietzsche propõe uma releitura do Cristianismo, buscando resgatar sua autenticidade e reconciliá-lo com sua mensagem original de amor e liberdade espiritual.
Introdução
O diálogo entre Nietzsche e o Cristianismo é marcado pela crítica do filósofo ao Cristianismo histórico e sua busca pela reconstrução da Cristianicidade autêntica.
Em “O anticristo”, Nietzsche contesta a interpretação tradicional do Evangelho e argumenta que o Cristianismo é um mal entendido.
Ele propõe uma reavaliação do tipo psicológico de Jesus e busca resgatar a essência de sua mensagem de amor e liberdade espiritual. Neste artigo, exploraremos as possibilidades de diálogo entre Nietzsche e o Cristianismo, com base nas reflexões apresentadas por ele.
O Cristianismo como mal entendido
Nietzsche inicia sua crítica ao Cristianismo afirmando que o termo Christenthum (Cristianismo) é um mal entendido. Ele argumenta que o Cristianismo histórico resulta de uma falsa interpretação do Evangelho e desvirtua a Boa Nova de Jesus.
Para Nietzsche, o Evangelho morreu na cruz, o que significa que a interpretação dogmática e a visão teológica do pecado, culpa e castigo deturparam a mensagem original de Jesus.
A distinção entre Cristianismo e Cristianicidade
Nietzsche estabelece uma distinção entre Christenthum (Cristianismo) e Christlichkeit (Cristianicidade).
O Cristianismo oficial é caracterizado pela redução da espiritualidade própria à Cristianicidade a dogmas e crenças eclesiásticas.
Ele critica a organização institucional, os rituais vazios e as práticas moralistas que se afastaram da essência do ensinamento de Jesus.
Por outro lado, a Cristianicidade representa uma forma de ser e agir baseada nos princípios de amor, compaixão e liberdade espiritual.
A reconstrução do tipo psicológico de Jesus
Nietzsche propõe uma hermenêutica refinada para reconstruir o tipo psicológico de Jesus, buscando liberá-lo dos acréscimos e interpretações falsificadas ao longo da história. Ele questiona a figura de Jesus como um pregador de moralidade, enfatizando que sua mensagem era essencialmente uma religião do amor e da comunhão universal.
O amor como essência da mensagem de Jesus
Para Nietzsche, a prática do amor é o núcleo da mensagem autêntica de Jesus. O filósofo argumenta que o amor incondicional, a generosidade e a compaixão são as virtudes que deveriam guiar a vida dos seguidores de Jesus. Nietzsche rejeita a rigidez moralista e a ênfase na punição e no pecado, propondo uma visão mais ampla e humana da espiritualidade.
A importância da intuição e da literatura
Nietzsche destaca a importância da intuição na compreensão do tipo psicológico do Redentor, argumentando que a verdadeira essência de Jesus só pode ser apreendida por meio da intuição, da sensibilidade e da abertura para o amor. Além disso, Nietzsche valoriza a literatura como uma ferramenta para acessar a mensagem original de Jesus, enfatizando a importância das parábolas e dos ensinamentos poéticos presentes nos evangelhos.
Reconciliação entre Nietzsche e o Cristianismo
Nietzsche propõe uma releitura do Cristianismo que busca resgatar sua autenticidade e reconciliá-lo com sua mensagem original de amor e liberdade espiritual.
Ele enfatiza a necessidade de superar a religiosidade dogmática e institucionalizada, abraçando uma espiritualidade livre de amarras e comprometida com a vivência do amor e da compaixão.
Conclusão
O diálogo entre Nietzsche e o Cristianismo revela-se complexo e desafiador. Nietzsche critica o Cristianismo histórico, mas busca resgatar a Cristianicidade autêntica, destacando a importância do amor, da comunhão universal e da não-resistência ao mal como fundamentos do ensinamento original de Jesus. Sua hermenêutica refinada e sua valorização da intuição e da literatura oferecem perspectivas interessantes para uma releitura do Cristianismo, visando sua reconciliação com sua essência primordial. O diálogo entre Nietzsche e o Cristianismo pode, assim, estimular uma reflexão crítica e uma busca por uma espiritualidade mais autêntica e humanista.
Referência:
Nietzsche e o Cristianismo | Oswaldo Giacoia Júnior | Revista Cult | disponível em: